Com esse objetivo de fortalecer políticas públicas para os povos historicamente invisibilizados, o município de Nossa Senhora do Socorro promoveu, nesta semana, a 1ª Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial. A ação representa um marco na atual gestão, que assumiu o compromisso de realizar a conferência. Agora, com protagonismo e escuta ativa, o evento colocou no centro do debate as pautas das populações negra, cigana, indígena, quilombola e de comunidades tradicionais.
A conferência é resultado de um chamamento do Governo Federal e segue orientações da etapa nacional. Segundo Diogo Reis, secretário da Defesa da Cidadania, o evento representa um espaço essencial de construção coletiva. “É o momento em que o município se debruça sobre as políticas públicas voltadas para a igualdade racial. Um chamamento que vem do Governo Federal desde 2024, mas que não foi realizado naquela época, diferentemente da nossa gestão que está empenhada em promover e dar efetividade a essa pauta tão importante. Hoje, discutimos três grandes eixos: democracia, justiça racial e reparação”.
A programação incluiu apresentações culturais, como uma roda de capoeira, cânticos de matrizes africanas e falas de representantes de instituições como a Defensoria Pública, OAB, além de membros da sociedade civil organizada e do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial. Ao final do evento, seis delegados foram eleitos para representar o município na conferência estadual.
Para o prefeito de Socorro, Samuel Carvalho, a conferência é reflexo do compromisso da atual gestão em construir uma cidade mais justa. “Estamos honrando pautas que antes eram esquecidas. Criamos a Secretaria da Cidadania e, com ela, ampliamos o respeito às diversidades. Essa conferência é um exemplo de gestão que acolhe, que respeita e que abre espaço para todos”, reforçou.
Representando o movimento social, a vice-presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial em Sergipe, Lina Dele Nunes, destacou o papel da sociedade civil no processo. “Aqui é onde pleiteamos políticas públicas para comunidades que constantemente têm seus direitos violados. Precisamos avançar juntos, sociedade e poder público, e esse é um importante espaço para as conferências estaduais e nacional”.
Entre as instituições presentes, a Defensoria Pública teve papel de destaque. A defensora pública Carla Caroline de Oliveira, do Núcleo de Combate à Discriminação Racial, enfatizou a necessidade de justiça racial. “Hoje destacamos temas como a justiça racial, que é a busca pela extinção da desigualdade racial. Além disso, destacamos a valorização dos povos de terreiro e comunidades tradicionais, porque precisamos construir estratégias para reduzir as desigualdades entre brancos e não-brancos”, salientou.
A diversidade de vozes também incluiu a representação cigana. Carivalda Ribeiro, coordenadora estadual do Instituto Cigano do Brasil, ressaltou a importância da visibilidade. “Muita gente acha que Igualdade Racial se resume a negros e negras, mas estamos falando de todos os povos que têm seus direitos negados. Essa conferência é um espaço onde temos voz, onde podemos gritar por justiça. Nossa comunidade é invisibilizada e aqui é que teremos a oportunidade de ser ouvido, por isso, estarei presente”.
Já a defensora pública Janara Pereira César Santos, coordenadora do Núcleo de Combate ao Racismo e à Discriminação Étnico-Racial (NUCORA), reforçou o simbolismo do evento. “Me chama a atenção por ser a primeira conferência municipal e estou aqui representando o primeiro núcleo de combate ao racismo do estado. É pioneirismo e compromisso institucional com essa pauta tão urgente e com compromisso”, finalizou a defensora que representou a Defensoria Pública Geral.