Em alusão ao Maio Laranja, mês dedicado à prevenção do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, a Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), promoveu, na manhã desta quinta-feira, 22, uma formação voltada a gerentes das unidades de saúde sobre como identificar sinais de violência sexual nesse público.
A iniciativa é fruto da Vigilância Epidemiológica da Rede de Atenção Primária da SMS com apoio da Secretaria Municipal da Família e Assistência Social (Semfas). Ao todo, mais de 30 profissionais participaram do encontro, realizado com o objetivo de aprimorar o atendimento e garantir respostas mais efetivas diante de casos suspeitos.
De acordo com a assistente social e coordenadora do Núcleo de Violências Interpessoais e Autoprovocadas da SMS, Adriana Bonfim, a qualificação visa fortalecer o fluxo de notificações e permitir que o poder público atue de forma mais integrada.
“Qualquer profissional da saúde pode fazer a notificação. Mas, muitas vezes, elas chegam incompletas, dificultando o trabalho em rede. Nosso foco é qualificar essas informações para que a assistência à vítima ocorra de maneira articulada entre saúde, educação, assistência social e demais instituições envolvidas”, destacou.
Atualmente, os registros são feitos por meio do Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), ferramenta do Sistema Único de Saúde (SUS), implantada nas unidades do município. Além disso, a SMS também utiliza o sistema Salve Criança e Adolescente, plataforma do Ministério Público de Sergipe (MPSE), que notifica automaticamente os conselhos tutelares da área correspondente ao domicílio da vítima.
A formação também contou com a presença de multiprofissionais do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas), incluindo a psicóloga Lívia Leal. Ela abordou o papel da rede integrada na campanha 18 de Maio. “É um tema que exige sensibilidade e atuação conjunta. Precisamos divulgar a campanha e preparar quem está na ponta para acolher com empatia e responsabilidade. Faça bonito”, reforçou.
Capacitados
A capacitação foi bem recebida pelos profissionais da linha de frente. A enfermeira Karina Leite, gerente da Unidade Básica de Saúde (UBS) Otaviana Matos Moreira, no bairro Marcos Freire III, relatou experiências reais no atendimento a casos de violência e destacou a relevância do treinamento. “É fundamental estarmos atualizados para oferecer o acolhimento adequado e encaminhar corretamente essas situações tão delicadas”, afirmou.
Na mesma linha, o enfermeiro Antônio Assis, gerente da Clínica de Saúde da Família (CSF) Gabriel Alves da Paixão, no bairro Fernando Collor, reforçou a importância do preparo técnico. “Nos ajuda a identificar, notificar de forma correta e encaminhar as famílias para o suporte necessário”, disse.
Como denunciar
Casos de violência podem ser denunciados de forma anônima por meio do Disque 100, canal nacional que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, inclusive feriados. As ligações são gratuitas e podem ser feitas de qualquer telefone fixo ou celular.
Sobre o Maio Laranja
A campanha nacional teve origem em memória de Araceli, uma menina de oito anos vítima de um crime brutal em 1973, em Vitória (ES). O caso, que permanece impune, impulsionou a criação do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, oficializado em 18 de maio pela Lei Federal nº 9.970/2000. A flor laranja, símbolo da campanha, representa a infância ferida e a esperança de proteção.