Na última terça-feira, 27, a Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), realizou o IV Seminário de Saúde Mental. O evento fez parte da programação da Federação Nacional de Arte Albertina Brasil, que ocorre entre os dias 26 e 31 de maio em diversos municípios sergipanos. Em Socorro, a atividade aconteceu no auditório da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, no bairro João Alves.
A programação abordou temas relevantes como políticas públicas, direitos humanos, autismo e saúde mental, e foi marcada também por apresentações culturais. Entre os destaques estiveram a cantora catarinense Marjory Porto, que é deficiente visual, e a companhia de dança em cadeiras de rodas Loucurart. Também houve exposição de artesanatos produzidos por usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e de peças desenvolvidas por meio das oficinas de geração de renda do Pontão de Cultura Albertina Brasil – Acessibilidade.
Segundo o coordenador de Saúde Mental do município, Cleston Soares (Blade), o evento é uma oportunidade de fortalecer o trabalho da Rede de Atenção Psicossocial.
“Essa Mostra acontece anualmente e, aqui em Socorro, promovemos esse encontro reunindo todos os equipamentos da rede para aprofundar conhecimentos sobre saúde mental, acessibilidade e inclusão. Foi um momento de troca de experiências com palestrantes locais e nacionais, que enriqueceram o Seminário. O objetivo é promover inclusão, ampliar a acessibilidade e combater o estigma que ainda existe em torno da saúde mental”, destacou.
Uma das palestrantes principais foi a psiquiatra, escritora e professora Ana Pitta, que dá nome ao Caps Álcool e Drogas (AD) localizado no bairro Marcos Freire I. Em sua palestra, ela abordou as Políticas de Atenção à Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. Ana Pitta já atuou como coordenadora nacional de Saúde Mental no Ministério da Saúde.
“Este tema é de extrema importância, pois o sofrimento psíquico tem afetado cada vez mais pessoas. Socorro dá um exemplo de força e de alinhamento com as políticas públicas de saúde mental. Voltar aqui, neste novo momento da gestão municipal, é uma esperança de que Sergipe possa retomar a liderança nacional na cobertura da assistência em saúde mental”, afirmou.
A programação também contou com a presença de Regiane Alves, intérprete de Libras e coordenadora de Acessibilidade da Regiane Libras, do Distrito Federal. “É essencial disseminar a cultura das minorias, que inclui pessoas cegas, surdas e com transtornos mentais. A sociedade precisa entender que esses grupos devem ocupar espaços e participar de encontros como esse. Me sinto honrada em estar aqui, cercada de tantas pessoas especiais. Traduzir, fazer audiodescrição, é como ser um portal que conecta as pessoas ao mundo”, disse.
A assistente social Valdinete Chagas, do programa Melhor em Casa, da Atenção Primária de Socorro, elogiou a iniciativa. “É um tema pertinente para todos os que atuam na área da saúde. A saúde mental precisa de cuidado, e o nosso município tem feito isso, capacitando os profissionais. As falas foram muito importantes. Aprendi muito e parabenizo a organização”, comentou.
O preceptor do curso técnico de Enfermagem, Lucas Oliveira, também participou do evento com sua turma de estágio no Caps AD Ana Pitta. “Este Seminário foi enriquecedor. Quando se trata de saúde mental, infelizmente ainda há pouco reconhecimento da sua importância. Ouvir palestrantes abordando temas tão relevantes nos faz refletir sobre o cuidado com a saúde mental, tanto dos usuários quanto dos profissionais”, relatou.
Presenças
Além de profissionais da saúde e palestrantes convidados, o Seminário contou com representantes da Comissão Estadual do Autismo da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Sergipe (OAB/SE) e da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), reforçando a importância do diálogo entre diferentes setores na construção de políticas inclusivas.